Em entrevista, presidente revela valores investidos e fala de projetos
Na tarde desta quinta-feira (9), o presidente do Flamengo de Arcoverde, Gabriel Castilho, e a arquiteta do clube, Angélica Lins, concederam uma entrevista exclusiva para a apresentadora Zalxijoane Ferreira, do programa De Primeira Categoria, da Rádio Itapuama FM 92,7, de Arcoverde, e fizeram um balanço dos trabalhos do clube. Em mais de uma hora de conversa foram abordados temas como a conclusão da obra do hotel do clube no bairro Pôr do Sol, a peneira para formação do time Sub-13 e os investimentos feitos pelo Tigre do Sertão que já alcançam a ordem de R$ 2 milhões.
De acordo com o presidente Gabriel Castilho, o investimento feito por ele e pela empresa que detém parte da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) Flamengo Sport Club de Arcoverde, movimentou a economia da cidade e gerou empregos diretos e indiretos. “A gente fica feliz em ajudar a cidade a dar passos para frente. Já investimos cerca de R$ 2 milhões entre compra de terreno, contratação de pessoas, investimento em mobília, em frota. Temos pelo menos 20 pessoas trabalhando na obra. O dinheiro que é investido aqui, circula, aquece o comércio, gera emprego e renda”, comentou.
Mesmo com as atividades ligadas diretamente ao Departamento de Futebol paradas desde o início de novembro de 2022, com o término do Pernambucano A2, a diretoria rubro-negra não parou em nenhum momento. Em dezembro foram iniciadas a obra da Casa do Atleta, que vai alojar até 54 profissionais, neste primeiro momento os meninos da base, e os trabalhos de licenciamento e estudos para início da construção do CT do Tigre, localizado na zona rural de Arcoverde, próximo ao Loteamento Rocha.
"Esses dois projetos. A casa do atleta está bem adiantada, na região central da cidade. O CT é locado na zona rural. Não iniciamos ainda as obras do CT por questões burocráticas. A Casa do Atleta em março devemos entregar. Além desse investimento em patrimônio, temos imóveis alugados pelo clube, prédios que foram reformados, a exemplo do escritório e da casa da comissão técnica. Teremos também em breve uma novidade, que será uma casa, um mini-alojamento, para atletas que estarão em fase de testes”, explicou Angélica Lins, arquiteta responsável pelos projetos do clube.
Sobre a novidade do mini-alojamento, Gabriel Castilho detalhou que a ideia era oferecer um espaço com o mínimo de condições para os jovens de outros estados ou de cidades mais distantes, que geralmente estão acompanhados de um responsável, fazerem testes em Arcoverde. “Temos uma casa pequena para receber até seis atletas, de outros estados, para fazer testes aqui. Estamos chamando de casa de apoio, até porque quando o garoto vem, ele traz o pai junto, a mãe. Então a gente criou esse modelo para abastecer essa logística num futuro próximo. Vamos ter sub-13, sub-15, vamos começar as peneiras. Ao lado desse espaço também teremos um refeitório”, explicou.
Projeto do CT do Tigre do Sertão
A construção do CT, bem como seu projeto arquitetônico, não são novidades para o torcedor do Tigre do Sertão, porém, a arquiteta Angélica Lins em sua participação no programa De Primeira Categoria da Itapuama FM, trouxe mais informações sobre a obra. Atualmente está em fase de licenciamento ambiental, sendo submetida ao trabalho de topografia e do cumprimento das diretrizes de responsabilidade ambiental, tendo em vista que se tratará de uma obra sustentável. A área que será construída, de aproximadamente 5 hectares, respeitará a vegetação local, preservando árvores antigas e os lajedos que já fazem parte do cenário arcoverdense.
“O terreno tem 100 metros de frente e cinco hectares de comprimento. Temos uma maquete digital para conhecer melhor o projeto. É impressionante a infraestrutura para tudo funcionar, o CT em si é uma estrutura auto suficiente. O presidente, como um ex-atleta profissional, morou muito tempo em Centros de Treinamento, por isso ele tem preocupação para que o atleta more bem, tenha qualidade de vida, não só de condições de trabalho”, avaliou Angélica Lins.
Gabriel Castilho ressaltou que o Flamengo de Arcoverde, enquanto um clube-empresa, o primeiro de Pernambuco, e por carregar pilares da gestão norteados pela ética e a responsabilidade, reforçou na entrevista que o atleta que vier a integrar qualquer um dos times do Tigre do Sertão, será tratado com dignidade não só enquanto profissional, mas principalmente como ser humano.
“Hoje você tem que pensar no ser humano, o atleta tem que comer bem, estudar bem, ter lazer. Tem que pensar no dia a dia, a gente precisa ocupar bem o tempo do profissional. Morei dois anos no maior complexo para atletas de base, que é o CT do Caju em Curitiba. Eu sei bem como tem que ser a vivência do atleta. Vamos montar uma mini-cidade. Até enquanto ele não acontecer, vamos ter um mini-hotel no Centro da cidade, que é a Casa do Atleta”, acrescentou o presidente.
Todas as obras que estão sendo erguidas pelo Flamengo de Arcoverde foram projetadas em uma estética brutalista, que é um braço da arquitetura moderna. Angélica Lins esclarece que esse tipo de projeto trabalha muito com blocos de concreto aparentes, com telhas termoacústicas e a utilização da ventilação natural, como o uso do cobogó, para dar mais sustentabilidade à estrutura.
“Vamos instalar energia solar posteriormente. Vamos trabalhar com um projeto de água de reuso também. Vamos ter quatro campos para aguar no CT, então essa água pode ser fundamental para mantermos o gramado em bom estado. Estamos tentando ir para a questão da sustentabilidade, temos também a preocupação ambiental, de ter todas as licenças”, pontuou a arquiteta.
A obra do CT, quando iniciada em sua fase estruturante de fato, terá uma duração de 36 meses em um trabalho contínuo, segundo a estimativa da própria diretoria do clube. “Estamos fazendo a topografia, instalando as cercas, tirando as licenças ambientais, não derrubamos todas as árvores, por isso estamos em um estudo para não derrubar as árvores. Isso leva tempo, é um capricho necessário”, finalizou Angélica Lins.
Peneiras e competições em 2023
A Federação Pernambucana de Futebol divulgou no final de janeiro um calendário prévio com os meses previstos para as competições organizadas pela entidade. Diante desse primeiro cenário, o presidente Gabriel Castilho argumentou que as datas divulgadas podem gerar algum contratempo aos clubes, principalmente na questão de deixar muito próximas as competições de base com a realização do Pernambucano A2 deste ano.
“Saiu o calendário das competições, na semana que vem vai ter o arbitral para bater as datas. O profissional está para começar em maio. Imaginávamos que iria começar no início do segundo semestre. A gente já está investindo muito na base e há esse confronto dos calendários, teríamos que fazer uma operação dupla para disputar o Pernambucano A2. Temos o interesse em participar do profissional da segunda divisão, mas dependemos de muitas questões. Por exemplo, da liberação do estádio. Sofremos muito com a licença, com a obra. Não queremos sofrer da mesma forma”, pontuou Gabriel Castilho.
Pensando justamente no planejamento de competições, a diretoria do Flamengo de Arcoverde anunciou com quase um mês de antecedência, a realização da seletiva para formação do seu time Sub-13, para disputar o estadual da categoria. Assim como, divulgou também por meio de seus canais oficiais, a contratação do treinador Nevada Silva, que vai comandar a garotada neste primeiro momento, participando da formação direta dos jovens que vão compor a categoria.
As seletivas acontecem nos dias 15 e 16 de fevereiro no estádio Áureo Bradley, que voltou a ser motivo de discussão durante a entrevista do presidente do Flamengo de Arcoverde. O gramado do estádio foi bastante castigado nos últimos meses, provavelmente, por pouca manutenção desde o período em que a bola parou de rolar oficialmente para o Tigre. Gabriel Castilho voltou a cobrar mais empenho da Prefeitura de Arcoverde no cumprimento do convênio que o poder público tem com o clube, entidade privada, na gestão do estádio municipal.
“A gente está lutando há um tempo. Fizemos algumas melhorias, mas faltam questões estruturais. Falta uma força maior da prefeitura. Um projeto para ver se faz um poço. Tivemos um período de férias, era pra ter ocorrido uma manutenção no gramado. O estádio é um patrimônio público, fizemos um comodato. A gente dividiu as obrigações, direitos e deveres. Temos um dossiê completo no nosso site oficial. Em contrapartida tinha essa questão da melhoria do campo, muito pouco, bem paliativo. Vai ficar perto do campeonato, vai ficar aquele corre-corre. Merecia, por todo investimento que fizemos, ficou faltando um apoio real no gramado”, reclamou o presidente.
Ainda aproveitando o espaço cedido pela Itapuama FM 92,7, Gabriel Castilho reforçou que o projeto do Flamengo de Arcoverde, que resgatou o clube com mais de 50 anos de história e que colocou a cidade na rota do futebol nacional, é de verdade. Já são mais de dois anos de trabalho árduo, de muito empenho de todos os profissionais envolvidos. Para Castilho, não há razão alguma para desconfianças ou torcida contra.
“A gente veio aqui para somar, a maioria das pessoas entendem, criticam, mas entendem o projeto. A gente já provou que o projeto é sólido. O prefeito não quer sentar, a Secretaria de Esportes também é complicada. A escolinha, por exemplo, não sai do papel porque falta incentivo. Vamos, sim, fazer a escolinha enquanto instituição privada, mas no caso sem o apoio da prefeitura, que a gente esperava que seria uma gestão voltada ao esporte”, arrematou.
Por fim, o presidente reforçou que o foco para esta temporada é começar a formar atletas, oportunizando uma melhoria de vida para jovens da região, desenvolvendo o futebol no interior de Pernambuco. E mesmo que muitos garotos não se profissionalizem, ficará o legado da formação do cidadão, do ser humano, para a vida. Uma contrapartida social importante para um clube que ressurgiu das cinzas com grandes pretensões.
“Somos um clube-empresa e temos três pilares: formar atleta (pegando ele na adolescência e formando), a cidadania (a responsabilidade social, porque vamos produzir 300 garotos, muitos vão chegar, mas não se tornam jogadores profissionais, mas permanecem os ensinamentos) e o entretenimento, de formar uma agenda cultural na cidade. Nosso foco é que a gente realmente tem que abastecer, é desde a base, do garoto com 10 anos, aos 14 anos já pode estar alojado. E dali começa uma trajetória, para oportunizar garotos da região”, complementou o presidente do Tigre do Sertão.
Após quase uma hora de entrevista à apresentadora Zalxijoane Ferreira, do programa De Primeira Categoria da Itapuama FM 92,7, Gabriel Castilho agradeceu o espaço, reforçando a transparência do clube e a importância da imprensa local para o desenvolvimento do esporte e da cidadania e acrescentou que se sente muito feliz em conseguir oportunizar, por meio do futebol, a possibilidade de transformar tantas vidas na região.
“O futebol é uma plataforma, a mais global que você tem. O menino pode sair do Sertão e ir para Europa para jogar, e voltar para ajudar a cidade dele. É muito difícil se tornar um jogador, oportunizar já é difícil. É uma grande missão, mas tomara que essa terra aqui de Arcoverde, para a gente revelar uma grande estrela”, finalizou.